A ex-embaixatriz Lúcia Flecha de Lima morreu neste domingo, em Brasília, aos 76 anos, vítima de um câncer no útero. Ela era casada com o diplomata aposentado Paulo Tarso Flecha de Lima, ex-embaixador brasileiro em Washington, Roma e Londres e ex-secretário geral do Ministério das Relações Exteriores.
A mineira era conhecida entre os amigos pela elegância e discrição, e ficou famosa pelas festas que organizava em sua casa no Lago Sul de Brasília. Por onde passou, cultivou amizades, como a do casal Bill e Hillary Clinton, e da princesa Diana, de quem foi confidente nos anos em que residiu nos números 14-16 da Cockspur Street, região central da capital inglesa, local que serve de base para a diplomacia brasileira no Reino Unido e que já foi o endereço onde se compravam as passagens para o Titanic.
No início da década de 1990, Paulo Tarso foi nomeado embaixador do Brasil junto à corte de St. James. A amizade entre Lúcia e Diana começou em 1991, quando a princesa visitou o Brasil. Lúcia a acompanhou durante um voo entre Brasília e Rio de Janeiro, que teve forte turbulência. A segurança com que a embaixatriz enfrentou a situação fez com que a princesa ficasse calma e impressionada. Durante o processo de divórcio do casal real, em 1996, Lúcia foi a principal confidente de Diana.
Quando a princesa morreu, em 1997, Lúcia ficou muito abalada e afirmou que a considerava parte da família. "Paulo Tarso, meus filhos e eu estamos chocados e inconsoláveis com a trágica morte da princesa Diana. A princesa nos honrou com sua amizade e carinho e foi, ao longo desses anos, uma pessoa maravilhosa e solidária", afirmou em nota à época.
Em 2001, com a aposentadoria de Tarso, após 46 anos de diplomacia, o casal passou a morar em uma casa no Lago Sul, em Brasília, onde a atuação da embaixatriz foi extensa. Durante 15 anos, Lúcia presidiu a Casa do Candango, uma sociedade civil sem fins lucrativos que cuida de crianças e idosos. Além disso, em 2003, esteve à frente da Secretaria de Turismo na gestão de Joaquim Roriz.
Em sua conta na rede social Twitter, o presidente Michel Temer lamentou a morte.
"Recebi com grande pesar notícia do falecimento da embaixatriz Lúcia Flecha de Lima. Meus sentimentos ao embaixador Paulo de Tarso e a sua família neste momento triste", escreveu Temer.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, também lastimou a morte da ex-embaixatriz.
"A cidade lamenta a morte da ex-embaixatriz Lucia Flecha de Lima, que prestou muitos serviços a Brasília e ao país em sua função pública de embaixatriz do Brasil nas principais capitais do mundo" afirmou o governador.
Em nota, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, também se manifestou.
"Tomei conhecimento, com pesar, do falecimento da embaixatriz Lúcia Flecha de Lima e me solidarizo com o embaixador Paulo Tarso, seus filhos e família, a quem apresento sentidos pêsames em meu nome e no do Itamaraty", diz a nota.
Ele acrescenta que a embaixatriz teve uma trajetória ímpar ao lado de seu marido no episódio da libertação de reféns brasileiros de Saddam Hussein. Lúcia deixou sua marca também em Brasília, onde foi secretária de Turismo e presidente da entidade beneficente Casa do Candango. Ela atuou também na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Lúcia e o ex-embaixador Paulo de Tarso tiveram cinco filhos: Isabel, João Pedro, Beatriz, Luiz Antônio e Paulo, que morreu em 2000. O corpo da ex-embaixatriz será cremado a seu pedido e o funeral será íntimo. A família recebeu mensagens e flores de representantes do corpo diplomático em Brasília.
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