sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

HISTÓRIA DA FAMÍLIA GORDILHO

JULIANO MOREIRA
ADRIANO ALVES DE LIMA GORDILHO vem a ser meu tataravô (avô de minha avó. Bisavô do meu pai). Médico cirurgião, parteiro importante, professor e diretor da Faculdade de Medicina da Bahia no século XIX. Conselheiro de Dom Pedro II, acabou recebendo o título de BARÃO DE ITAPOÃ.
Pois bem, na casa do vô Adriano trabalhava uma senhora negra, como empregada doméstica (escrava, talvez), que tinha um pequeno filho com um português.
Esse garoto, influenciado pelo meu tataravô acabou se interessando por medicina. O barão percebendo a inteligência do garoto tornou-se não só incentivador, como também padrinho, bancando seus estudos de medicina (o menino iniciou os estudos de medicina com 13 ANOS. Aos 18 anos se formou com um estudo chamado “Sífilis maligna precoce”)
O menino, já crescido e médico passou em concurso na Faculdade de Medicina na Bahia em 1896. NEGRO! Lembrando que a escravidão foi abolida apenas 8 anos antes!
Este médico negro acabou tornando-se o PRECURSOR da PSIQUIATRIA no Brasil. O primeiro a criar iniciativas psiquiátricas e a divulgar as idéias de um tal Sigmund Freud no país. Está para o Brasil assim como Philippe Pinel está para a França e para o mundo.
Depois de trabalhar nos melhores hospitais psiquiátricos em vários países da Europa, mudou-se para o Rio de Janeiro onde tornou-se, em 1903, diretor do Hospício Nacional dos Alienados (criado por Dom Pedro II como Hospício Dom Pedro II em 1852), simplesmente o primeiro hospital psiquiátrico do Brasil e segundo da América Latina (fica ali entre Botafogo e a Urca, em frente ao Iate Clube. Hoje é um Campus da UFRJ onde funciona o Instituto Pinel e onde também, por décadas funcionou a famosa casa CANECÃO). Como diretor do hospital ele revolucionou o relacionamento com doentes mentais passando efetivamente a tratá-los e não torturá-los ou ignorá-los. Criou oficinas, cursos e trabalhos para os internos.

Ele também difundiu a necessidade de criação de diferentes tipos de hospitais para tratamento, como um manicômio judiciário para os loucos criminosos – o que se concretizaria em 1921, após uma rebelião de pacientes no então Hospital Nacional de Alienados – e uma colônia agrícola, onde houvesse a convivência dos doentes com famílias “sadias”, com as quais os pacientes passavam as horas do dia participando da rotina e de serviços domésticos na casa de funcionários da colônia. Esta foi inaugurada em 1924 como Colônia de Psychopatas- Homens, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que mais tarde receberia o nome de Colônia Juliano Moreira.

Pois, o nome do filho da empregada de meu tataravô era esse: JULIANO MOREIRA (foto), hoje, além da colônia no Rio, nome de hospitais psiquiátricos em várias cidades brasileiras e da praça que fica em frente ao Rio Sul, em Botafogo/Urca, próximo de onde dedicou anos de seu trabalho.
E o legal dessa história, um mestiço, pobre, filho de doméstica, em tempos de escravidão, acabou se tornando muito mais importante que o próprio barão que o incentivou tanto.

Um comentário:

  1. Ola tudo bem?
    Como voce conseguiu chegar a historia e saber que ele era o seu tataravo.
    Obrigada
    Aline Gordilho

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